domingo, 28 de abril de 2013

Uma carta de amor - 07.06.09


Encontrei livros que falam de cartas de amor, de que seja eterno enquanto dure. Assustei-me com o teor das páginas enquanto elas são viradas. Nenhuma carta que venha da alma, daquela sensação de flutuabilidade que o amor causa, que traz rejuvenescimento, liberdade, prazer. Então, farei a minha versão de uma carta de amor aqui:

"Eu encontro seus olhos nos meus e o mundo se perde diante dos momentos infinitos que vivemos em braços um do outro. Nada parece importar na vida enquanto um momento sucede ao outro em ternos carinhos perfeitos. Ah! Que sonho me perder nessas frações de segundos, minutos e o tempo se extende em harmonia extensa e plena! Não desejo passar a vida assim porque fica sem graça. A ausência traz o prazer pelo próximo encontro, o desejo de colar os olhos de novo nos seus olhos. Eu poderia morrer hoje de felicidade porque pude viver este pouco. Não importa o que vem lá na frente, apenas ter esta sensação de que sentir assim é possível é quase como ir ao paraíso e retornar com gotas mágicas de fonte divina.
Um momento depois do outro, sorrisos, olhares, troca, carícias essenciais. Se eu soubesse o quanto a vida prometia teria parado de morrer mais cedo. Tudo vem no tempo certo e quando a gente para de contar o que o tempo traz, a vida nos prega de surpresas vivas e alegres. É um mar colorido e multifacetado de azul, é um céu perfeitamente claro e simples, é um entregar-se tão inteiro que a vida flui num piscar de olhos. O que aprendo com você é um esperar sem angústia, um cessar do medo constante. Não gosto é deste jogo que as mulheres comuns jogam. Eu não gosto dessa brincadeira de deixar os meninos chegarem junto. Não sou assim. Também tenho esta pressa como se tudo fosse escorregar por entre os dedos e nunca mais o lambuzar do sorvete estaria presente.
O que mais dizer? A alma suspira alegre só de lembrar e eu sei que, infelizmente, esta suavidade vai passar, que nada assim dura para sempre. Eu queria estar em condições de uma entrega total, de viver tudo de uma vez e para sempre como a montanha-russa que sou. Não é assim que vai funcionar com você, não é? Você é diferente porque você me refreia os impulsos insanos que me assolam. Diz não com uma facilidade tremenda deixando-me trêmula de desejos por seus toques e carícias. Tenho plena consciência de que ainda temos muito que aprender um sobre o outro e um com o outro. Ao menos, eu tenho aprendido muitas coisas boas com você, coisas que antes eu julgava existir em sonhos.
Lamento que outras bocas e outros sexos devam conhecer este seu derreter gentil e suave que destila por aí! Gostaria de pensar que eu seria única em sua vida, de que você gostaria de derreter em mim para sempre o seu ser, esta doçura tão mágica que você traz consigo. Seria me iludir demais pensar assim, diante destas circunstâncias. Eu sou uma iludida mas é melhor cair nas redes duras da realidade agora que enfiar a cara num muro a 100 quilômetros por hora e ter que juntar a paçoca que me transformaria. De qualquer forma, sinto sua presença como uma estrela remota que me guia e me faz companhia nas noites solitárias. Sinto seu olhar firme como um porto seguro (o qual temo tanto). Confesso que estremeço ao seu olhar. Confesso que me sinto fraca ao me deixar conduzir por você e chego mesmo a me perguntar: quem diabos ele pensa que é para fazer isso comigo? Que diabos estou fazendo aqui? Eu me rendo, simplesmente. Você é encantador demais e me seduziu como uma sereia seduz os marinheiros do mar. Eu xingo, sim, muito. Afinal, que direito você tinha de destruir meus muros não só de concreto mas de aço puro? Quem é você que invadiu minha fortaleza? Ai de mim que deixou um estranho aportar assim sem aviso prévio e sem sequer bateu na porta. Entrou e ficou.
Eu queria ser capaz de me entregar a este mundo que parece ser feito de amor perfeito e eu sei que não é, do mesmo modo que escrevo essas palavras, amanhã, posso não mais escrevê-las como já fiz antes com outros. Desculpe ser tão sincera mas eu não seria eu se não comentasse das pequenas falhas que cometo de apaixonar-me por todos que me cruzam as portas quando eu realmente deixo. Ser invadida? Render-se? Nunca! Jamais! Em tempo algum! Quem é você que me deixa tão abalada? Um dia, eu entendo tudo isto que me tira do ar e me deixa esperando por braços tão meigos e delicados. Um dia..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário